Em 1930, Le Corbusier foi encarregado de projetar um alojamento para os estudantes suíços na Cité Internationale Universitaire de Paris, que tradicionalmente eram alojados em estúdios de má qualidade na região do Quartier Latin. O pavilhão suíço deveria fornecer 50 leitos, cozinhas e sanitários comuns em cada andar, escritórios e habitação para o diretor, e uma área comum para servir como sala de jantar ou hall.
No início, o arquiteto e Pierre Jeanneret, seu parceiro na época, recusaram-se a assumir o projeto devido a tensões com a Suíça após a manipulação da proposta dos arquitetos para a concurso da Liga das Nações. Por fim, no entanto, acabaram por aceitar o projeto e trabalhar com um orçamento muito limitado, e o projeto tornou-se o somatório dos princípios modernos de Le Corbusier, forçando-o a concentrar-se na habitação antes de tudo.
O pavilhão suíço, ou Pavillon Suisse, empregou os cinco pontos da arquitetura de Corbusier, apoiando-se neles durante todo o projeto. O edifício é elevado sobre pilotis que estão próximos ao seu centro, acentuando o efeito "flutuante". O jardim no terraço traz a cidade de volta e serve aos moradores do edifício, embora não seja tão animado como o da Unidade de Habitação em Marselha. Três quadros permitem vistas ao jardim e revelam os elementos estruturais pouco sofisticados.
Ainda que com um orçamento limitado, Le Corbusier consegue manter a fachada livre e aberta. Várias decisões projetuais revelam uma pele transparente com a estrutura por trás, sempre mantendo a continuidade das fachadas. Além disso, a planta aberta é controlada com elementos arquitetônicos como escadas e mobiliários, sejam fixos ou móveis. As vistas e as entradas de luz também têm seu impacto sobre a organização da planta aberta, controladas pela fachada livre.
Le Corbusier foi obrigado pelo cliente a acomodar as funções públicas no piso térreo, uma exigência que ele respondeu separando as unidades elevadas dos estudantes e criando um edifício anexo ao nível do solo para as atividades comuns. Em certos casos, também observa-se as janelas fita tornando-se fachadas verticais envidraçadas, uma transição dos cinco elementos desde a escala de uma casa de campo ao de um bloco habitacional vertical, sendo o epítome do que foi a Unidade de Habitação de Marselha, duas décadas mais tarde.
O edifício implanta-se sensivelmente em seu entorno, como um prisma purista submerso na vegetação. Le Corbusier consegue utilizar uma restrição orçamentária para desenvolver seus princípios mais básicos, nunca sacrificando a beleza do espaço. O Pavillon Suisse aparece como um desenvolvimento da Villa Savoye em certo sentido, trazendo princípios do arquiteto a uma estrutura maior e mais animada, mais próxima da cidade e das pessoas.
- Ano: 1931
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Fotografias:Samuel Ludwig